Não há tanto tempo assim que era capaz de levar o mundo nas costas!
Hoje fico exausta se dormir menos de 6 horas...
Sei que não estou como devia. E principalmente, sei que o que está cansado em mim é o lado emocional.
Demorei 3 anos a mentalizar-me e principalmente a idealizar um futuro diferente do que tenho.
Sou feliz com a maioria das conquistas e das surpresas que a vida que proporcionou. Mas falta algo.
Falta coragem para assumir sem receio que nem tudo me agrada. Que não gosto que mexam na minha vida. Que não quero trabalhar num lugar qualquer.
Sim, falta-me pouco para ser feliz por completo: trabalhar onde eu quero, em algo que eu goste.
Não gosto de trabalhar em padarias, peixarias, restaurantes e fábricas (foram trabalhos que deram muito jeito para pagar os estudos). Se fosse para trabalhar num desses lugares não tinha estudado.
Repito que não me envergonho do que faço.
Sei que o meu problema é falta de coragem e que eu sou a única responsável pelo meu insucesso.
Quando decidi estudar várias vozes se levantaram dizendo: trabalhar e estudar? Nah tu não consegues. Ao fim de dois meses já desististe!"
Foram 4anos: um CET e a licenciatura! FEITO!
Quando decidi correr várias vozes se levantaram: "ao fim de uma semana já desististe".
Um ano e 4meses. E só parei no dia antes do J. M. nascer. Não voltei porque ainda não me organizei de maneira a ter essa meia hora.
Quando o J. M. nasceu ele mamava muito pouquinho e quase fiquei sem leite. Tive de complementar com leite do outro e várias pessoas, incluindo a enfermeira, me garantiram que o meu leite iria secar rapidamente. Enquanto escrevo este texto estou a amamentar! (Pesquisei e estimulei o meu corpo para continuar a dar leite. Não só resultou como a partir dos dois meses tinha leite suficiente e deixei de dar o " complemento".)
Sempre lutei para ter a última palavra na minha vida.
Hoje, talvez porque já tenho 30 anos, não entendo porque desisti tão facilmente do projecto de helicicultura (será que foi por ter 23 anos?).
Não vejo muitas soluções, mas sei que quero levantar o meu projecto de final de curso. Criar o meu próprio trabalho e ser ainda mais dona da minha vida.
Não quero mais nenhum patrão a decidir quando trabalho ou quando me manda para casa. Qual as horas que trabalho, quais as que folgo... Quando posso dar de mamar ao meu filho e quanto tempo posso fazer isso. Qual o valor do meu trabalho. (Trabalho esse que não fizeram e não valorizam correctamente.)
Sempre fui determinada o suficiente para alcançar os meus objectivos. Às vezes nem vozes formadas me derrubaram...
Novamente no desemprego. Só há dois caminhos:
- O fácil: encontrar outro patrão mesmo que o trabalho não me agrade.
-O difícil: insistir no projecto. Trabalhar duro para encontrar clientes suficientes e os apoios necessários para levantar o negócio e depois dar no duro para o manter em pé!
Meu filho é cristão. Cristão Católico! Não foi ele quem escolheu.
Eu quero educa-lo no respeito ao próximo e a ele.
Vou ensinar que Deus é amor. E é amor para os cristãos, judeus, induos, muçulmanos, budistas e qualquer outra crença. Deus é aquele que nos ama independente da maneira que se preste (ou não) o culto.
Matar em nome de Deus é loucura; guerrear em nome de uma religião também.
Não são só os islâmicos que matam em nome de Deus. E o holocausto? E a invasão da terra Santa?
O que eu vou ensinar ao meu filho é que não há boa ou má religião, não há um Deus para cada religião.
Existe um Ser Superior e existem várias maneiras de nos sentirmos mais próximos/ligados a ele.
Não estou alheia à tragédia em Nice. Lamento, (tal como a maioria das pessoas) as vítimas do desastre.
Sugiro que o Daesh, ou estado islâmico pensem noutras formas de prejudicar a vida alheia. É que isso de atentados começa a perder a grandiosidade. Os realizados em alguns países já deixaram de ser notícia, mais algum tempo e deixa de ser notícia os realizados na Europa.
Sugiro que pensem em coisas como: " a principal ponte do reino unido encontrasse fechada porque indivíduos não identificados desejaram lá flores. Milhares de pessoas são obrigadas a alterar as suas rotinas ( pronto, sou portuguesa e habituei-me a revoluções floridas).
Outra ideia: "camiões do valor pneu foram desviados e a principal autoestrada francesa está completamente cortada. Serão necessários vários dias para desobstruir as vias. Milhares de pessoas vêem-se obrigadas a mudar suas rotinas." E uns dias mais tarde: Daesh reclama para si o atentado"
Agora a sério: há uma grande falta de originalidade. Eles podiam perfeitamente atrapalhar e mudar a vida de milhares de pessoas sem fazer falta matá-las.
É daqueles casos em que começamos a acreditar que se é eterno!
É muito tempo. Muita vida.
E de um momento para o outro o fim aproxima-se.
Ficou muito pouco por dizer. Só lamento, que a última pessoa que poderia ter falado do meu avô, não o tenha feito.
Gostava que me tivesse dito como era ele antes de ser pai, e avó. Como era quando ainda era só ele? E como foi que se apaixonou pela avó? Que tinha ele para ficar com ela? E ela?
Como era o olhar dele das 6vezes que viu um filho pela primeira vez?
É mesmo verdade, eu sou mesmo parecida com ele?
Lamento isto... Tanto tempo e esta conversa nunca vai acontecer.
O tio está muito mais presente nas minhas memórias. Mas, os dois,são os avós paternos que eu conheci.
Shiu. Os seus netos não gostam nada que eu diga isso (é o nosso segredo)!
Já gatinha (marcha a trás). Começou a gatinhar na casa da avó. A mãe estava a vender peixe.
Já diz papaahh. Começou a dizer na casa da avó. A mãe estava a vender peixe.
Está a acontecer o que eu mais temia: estou a perder a "primeira vez" do meu filho.
Sei que tenho de trabalhar. É necessário! E sei que é a rotina de milhões de mulheres que também são mães e muitas delas não tem a sorte de ter uma avó que cuide do seu bebé.
Faz falta outras leis, outros apoios à maternidade, as pessoas têm de ter mais tempo para a família. E não é só a mãe, o pai também.