Clientes
Os clientes são bons!
Agora, que o azedume já passou, vamos esclarecer uma coisa: eu não tenho nada contra os clientes.
A grande maioria dos clientes são pessoas educadas, simpáticas e compreensivas.
No meu antigo trabalho, eu dedicava toda a atenção ao cliente. Neste também tento, mas tenho vários clientes e várias tarefas para executar e não me é permitido dedicar muito tempo a ninguém. Nem sempre isso é bem entendido. Outras vezes é o próprio cliente que entende ser um ser superior e não aceita a pouca atenção dispensada.
Não é fácil quando um cliente nos insulta ou insulta alguma das colegas, não é simpático que o cliente reclame só porque não o deixamos passar na frente dos outros clientes.
E sim, em largas dezenas de clientes diários, haverá só um que estraga o dia.
Quanto ao perder tempo a conversar, tenho uma história para partilhar: onde trabalho há uma velhinha muito simpática que vem às compras uma vez por semana. Ela vem sempre numa hora de pouco movimento; nunca leva muita mercadoria, mas fica sempre meia hora a falar. Nunca nos disse se mora ou não sozinha e nunca nos disse que família tem. Fala no filho que está em Lisboa. Ela vem para contar histórias; ela só quer alguém para ouvir as suas histórias.
Eu penso ser uma senhora sozinha. Quando ela vem eu fico a ouvir. Posso ter muito trabalho, mas deduzo que ela precisa mais dos meus ouvidos do que o meu trabalho.
Claro que depois há aqueles clientes que nos chamam incompetentes porque pensam que o peixe deve ser cortado com a faca e não na máquina. E há aqueles que pensam que estar na parte escondida do balcão é sinal de falta de vontade de trabalhar (se eles sonhassem o trabalho que se esconde lá! )
Há de tudo...