Falamos em parentalidade?
Já tinha iniciado aqui este tema. Na altura, (há pouco mais de um ano) falei da linda relação do meu filho com o pai. Da ligação tão especial que eles tem e que não existe comigo, por variadissimas razões (nem todas expostas nesse post).
Conclui, nessa altura, (ou melhor: é uma teoria que eu tenho há muito tempo) que os laços criados na base do amor, carinho, dedicação e cuidado são muito mais fortes que os laços criados pelo cordão umbilical.
E porque me lembrei agora disto?
Porque hoje foi autorizada a primeira gestação de substituição. Mas não só por isso...
Por todo o borborinho que existe á volta do tema parentalidade.
É a minha opinião, sim é! E vale o que vale, sim verdade! Mas o que me parece é que muitas vezes se confunde pais (entenda-se pai/mãe) com progenitores.
Gerar um ser não é motivo para existir laços emocionais. Pois, é chocante ouvir isso, mas é a verdade. Pai, mãe e filhos é uma ligação que envolve muito mais que sangue, tem de envolver emoções e sentimentos bons, caso contrário que tipo de ligação é?
Adopção... (sim, é aqui que eu quero chegar)
Quando um casal, e posteriormente, um individuo (durante muito tempo, mais facilmente para mulheres) querem adoptar uma criança, geralmente, não é por uma razão de "sangue".
EU vejo esse acto como um gesto completamente altruista (e só quem tem filhos sabe a loucura que é!) pois é a oportunidade que um adulto dá a uma criança para ter o conforto, a estabilidade e o carinho que são necessários para um bom desenvolvimento. Claro que recebem muito em troca, mas abdica-se de tanto... E eles fazem-no por alguém que não foi gerado por eles (enquanto que aqeueles que os geraram, por algum motivo, abandonaram-nos)
Ora, qual é a diferença entre receber carinho e tudo o resto de um casal heterosexual ou de um casal homosexual? Serem duas pessoas do mesmo gênero? Mas quando as crianças são criadas por uma tia e a avó, também estão entregues a duas pessoas do mesmo gênero... É porque essas pessoas tem uma vida amorosa? E desde quando isso interessa aos filhos (como diz a publicidade: "os teus pais - os unicos que nunca tiveram relações sexuais")? A quem interesa? Aos outros, aos que estão de fora! Aqueles que não conhecem aquela realidade e tem medo do desconhecido, por isso, porque deve ser mais fácil, criticam, repudiam em vez de se informarem.
Sim existe uma mentalidade muito ligada á Santa Madre Igreja, mas por favor, programem a mentalidade para aquela parte do: "amai o próximo como a vós mesmos!"
E a todos aqueles que tanto rejeitam a adopção por casais homosexuais, só tenham uma coisinha a dizer-lhes: Adoptem vocês!
Sim, o programa de televisão também influenciou este post, mas eu há muito que queria falar sobre isto.
Outra coisa que me faz confusão é a obrigação que existe de um homem registar ("assumir") um filho. Vejamos: quando uma mulher quer fazer um aborto, a opinião do outro progenitor não é tida em conta, certo? Ninguém diz á mulher: o pai desse ser quer cria-lo por isso vai terminar a gestação. Isso é impensavél, pois é o corpo da mulher e ela faz o que quer no seu corpo.
(aviso: eu sou contra o aborto. Fica a duvida: aquele corpo, em formação, não tem direito a fazer o que quer?)
Voltando á base: Se uma mulher não quer um filho pode abortar, independentemente da vontade do pai da criança. Porquê que, legalmente, um homem é obrigado a assumir uma criança, mesmo quando não a quer?
Sim eu sei que é diferente. Num caso nunca vai existir uma criança, já no outro caso, a criança existe e é necessário evitar que ela se sinta rejeitada. É verdade, deve-se pensar sempre no bem estar da criança. Também é verdade que quando um individuo não quer um filho, não é uma lei, um papel, ou o que seja, que o vai obrigar a querer. Não é porque essa criança tem o seu apelido que vai ter o seu carinho, a sua dedicação, a sua proteção.
No fundo é só uma questão de não confundir parentalidade com progenitores.
Ter filhos é amor...