Antes de mais esclarecer que não é por teres 2 anos que podes passar a noite acordado a ver televisão. Esquece lá isso... Até aos 18 anos as regras somos nós (adultos) quem as faz.
Hoje é um dia especial.
Muito especial para nós. Há 2 anos que ganhamos um novo amor. Um bebé tão doce e meigo como malandro e teimoso.
Um bebé que sabe expressar-se perfeitamente, mas só diz 5 palavras.
Um bebé que dá pulos de alegria quando vai tomar banho e a refeição nunca está completa sem o prato de sopa (mesmo que depois não a coma)!
Um bebé que adora legumes, batatas e arroz , mas não come carne nem peixe!
Nunca me pareceu um indivíduo solitário, ou com falta de amor próprio.
Era um rapaz muito bonito, de cor café com leite e olhos verdes, mas o que eu mais gostava eram os cachos do cabelo.
Tinha um grande grupo de amigos, tinha o seu emprego e era um bom funcionário.
Quando o conheci melhor descubri um jovem adulto cheio de inseguranças e pouca auto estima.
Ele era descriminado. Ele sentia que tinha de fazer mais para ter as mesmas oportunidades que os outros.
Hoje falamos tanto no racismo. Vemos pessoas a apelar à igualdade, ao respeito por pessoas de outras raças, cores ou religião.
Se observar-mos bem , tudo isto se desencadeou devido a um episódio de violência e desrespeito pela vida do próximo.
Hoje, sinto me insegura e sou branca.
Parece me que temos de acabar com alguns comportamentos. Entender que o principal problema é a violência; entender que a única solução é o respeito.
Vejo vingança, vejo revolta, vejo oportunismo.
Falta respeito. Falta ensinar a nova geração a olhar para pessoas, seres humanos, sem estereótipos, sem títulos...
Não vamos ensinar os nossos filhos a brincar com pretos, doentes, deficientes ou aleijados. Temos de os ensinar a brincar com todas as crianças. Porque os outros são só crianças.
Estávamos no campo. Ele e o irmão estavam ao meu lado mas depois afastaram-se indo para perto do pai. Ouvi-os brincar e discutir. Depois vi-os a encher o cão de mimos.
De repente silêncio...
Chamei o mais velho e ele respondeu. Silêncio outra vez e a campainha do pânico soou:
" Onde está o mano?"
Ali. - Apontou na direcção do pai.
Olhei naquela direcção, mas comecei a ouvir longe o choro de um bebé.
Foi automatico, eu e o pai gritamos em uníssono:
"O pequeno fugiu!"
Comecei a correr. O pequeno tinha andado 500 metros pela estrada.
Uma vizinha viu-o e pegou nele.
Os olhos da senhora quando me viram fuzilaram-me!
Foi terrível.
Um momento de distracção.
Felizmente tudo está bem.
Eu aprendi a lição. Agora tenho sempre os olhos bem abertos.