As imagens da guerra a que eu assisto desde pequena marcaram-me ( para não dizer traumatizaram-me).
Para mim uma guerra nunca é suficientemente longe, nem é uma coisa dos outros. Esses outros são humanos como nós, e estão a ser dizimados desnecessariamente.
Nunca entendi as razões da guerra, seja por motivos politicos, económicos ou religiosos.
A morte é algo natural. Vamos todos morrer, então porque temos de nos matar? Para quê? A natureza já resolveu isso... ( ironicamente: uns andam a matar-se enquanto outros estudam afincadamente para encontrar o elexir da eterna juventude ( dá para se decidirem?)).
Porque matamos por mais uns metros de terra ou em nome de um Deus? Depois de mortos não precisamos de grandes fronteiras e é só depois de mortos que temos a confirmação de qual é o "verdadeiro Deus"!
Há uma "regra" que diz que a minha liberdade acaba quando a do outro começa. Isso impede-me de entrar na casa do vizinho só porque não gosto da cor das paredes, ou das horas a que prepara as refeições. SE a liberdade dele não reduzir a minha, não tenho direito nenhum de importunar ninguém.
Mas depois vemos um "lider" qualquer a entrar por uma região, país ou estado aos tiros porque aquelas pessoas não rezam, falam ou vivem da mesma forma que ele. Ou pior, Um governante de outro país decide uma guerra porque o país vizinho não aceita as suas ordens... (olha se eu e a minha vizinha andassemos á bofetada de cada vez que não aceitamos a opinião uma da outra...)
Eu não quero uma guerra, a população do meu pais não quer uma guerra, então porque meia duzia de velhos, sentados num edificio político podem decidir uma guerra para onde não vao lutar, da qual não precisam de se refugiar? (Fácil decidir sobre a vida dos outros, quando temos o nosso conforto assegurado!)
"A culpa é dos tiranos e daqueles que lhe deram o poder! Bem feita para esses que os poseram lá!"... Tretas, porque os que não lhes deram o poder também estão a sofrer, e os filhos dos que lhe deram o poder também não tem culpa de nada, mas estão a sofrer as "consequências".
Às vezes pergunto-me se eles tem filhos e que amor tem eles aos filhos. A minha maior preocupação é cuidar, proteger e deixar um mundo bom para os meus filhos. Já a preocupação deles é exactamente o oposto!
A guerra não vai acabar, enquanto for mais importante investir em armamento em vez de investir em hospitais, em leis inclusivas, em boas escolas...
Somos nós humanos, a mostrar que somos o animal mais desumano de toda a natureza!
Mas observando bem , vejo a morte sentada numa cadeira estofada num edifício climatizado pelo ar condicionado.
Vejo-a confortavelmente a decidir sobre a vida dos outros: crianças, jovens, adultos e idosos. Sim, esses vão sofrer. A morte vai continuar sentada, tranquila num grande e luxuoso edifício, até porque se a morte sair á rua, corre o risco de morrer!
Na rua estão os desgraçados, armados ou não, morrendo com o frio, as balas, a fome, a destruição e a miséria.
Amanhã, os que ordenaram a morte vão continuar vivos.
Há 8 meses candidatava me a um posto de trabalho numa micro empresa com unicamente 3 meses.
O dono/patrão viu no meu curriculum o que ele não tinha mas sabia ser lhe necessário. Fechou as entrevistas depois de me entrevistar.
Eu estava feliz, mas assustada. A responsabilidade metia me medo, mas sabia que era A PESSOA para aquela empresa.
Despedi-me da fábrica onde trabalhava e preparei-me para a responsabilidade que me esperava.
O inesperado aconteceu: na mesma altura o patrão daquela empresa que era o meu sonho profissional ligou-me: iam aumentar o pessoal e tinham muito gosto que eu fizesse parte da empresa.
No meu íntimo aceitei logo. No entanto ,porque estava comprometida com outra empresa só dei a resposta depois de resolver as coisas com a outra empresa (incluindo ajudar o empresário a encontrar outra pessoa).
Fui trabalhar para a empresa onde eu sonhava trabalhar.
E a desilusão foi aparecendo: em primeiro o facto de estando a trabalhar lá, com formação em Marketing Digital, o patrão acabou por contratar um freelancer para a gestão das redes sociais e do site.
Depois foi quando tentei opinar sobre alguns procedimentos que não são os mais eficientes e recebi a resposta: "Não inventes, isto sempre foi feito assim."
Sou a administrativa que trabalha no atendimento ao publico, recebe mercadorias... Faço qualquer tarefa na empresa. Sou "polivalente", e tenho muito gosto em ser.
Mas, mais uma vez o patrão desiludiu-me. Prometeu que, apesar do meu ordenado ser superior ao ordenado mínimo (muito ligeiramente) eu iria receber um aumento.
Isso não aconteceu.
Sou a única que faz todas as tarefas e sou a única que não teve aumento de ordenado (sendo que neste momento recebo uns euros a mais que o ordenado mínimo).
Já não quero trabalhar aqui. Já não me sentia valorizada antes do final do ano por falta de reconhecimento dos meus superiores.
Neste momento a minha pergunta é: porque não reconhecem o meu trabalho?
Eu sei que não é um caso excepcional. É o "normal" no mercado de trabalho.
O reconhecimento do trabalho é uma das melhores maneiras de aumentar/melhorar a produtividade. Não tem de ser reconhecimento financeiro, mas quando não há nenhum tipo reconhecimento as pessoas desmotivam...
Há muitos anos, quando a princesa Diana usava a sua imagem para alertar o mundo para algumas desgraças, lembro-me do choque que era ver crianças desnutridas nos telejornais, há hora das nossas refeições.
Era o contraste. Eu estava a comer e do outro lado do ecrã, crianças da mesma idade estavam no limite, a um passo da morte, por causa da fome, das minas, dos maus (inexistentes) serviços hospitalares por causa da GUERRA.
Lembro me de pensar (inocentemente) que quando fosse grande ia ajudar aquelas crianças.
Hoje, os telejornais voltam a partilhar imagens de crianças a morrer de fome, de frio, de maus cuidados hospitalares.
Já cresci e já vivi o suficiente para perceber que o tempo não espera.
Não espera pela minha coragem e capacidade/condições para eu poder ajudar.
O tempo não espera que o meu donativo chegue ao destino, nem espera que os donativos se multipliquem para serem suficientes.
E, enquanto isso, os mais fracos, mais pobres, mais vulneráveis morrem.
Vítimas inocentes da maldade e ganância, do desrespeito, egoísmo e do egocentrismo.
Todas as crianças têm o direito a ter os mesmos direitos e regalias que os nossos filhos.
P.S.: Não me sai da cabeça a imagem de pequenas crianças a sofrer porque não tem a "sorte" de estarem no mesmo país que "nós"
Por várias vezes vim cá para opinar sobre os animais de estimação dos candidatos (confesso que cheguei a pensar que tanta atenção à bicharada ia favorecer o PAN (enganei-me!). Acabei a preferir publicar poemas e não partilhar aquilo que me vai na alma.
Mas agora vou faze-lo.
Estou impressionada com os resultados: partidos que perderam lugares parlamentares pode ser visto como um presságio de mudança, como uma demonstração de desagrado pelo "sistema". Mas depois vemos mais do mesmo.
Quantos dirigentes dos partidos a favor ou contra o sistema se passearam pelo interior do país? Sim o país dos esquecidos: dos que pagam os mesmos impostos que os cidadãos do "litoral" mas tem de se deslocar 120km para ter um hospital, mas ouvimos prometer novos hospitais nas áreas metropolitanas. O país dos esquecidos que tem de fazer 120km para ir ao hospital mas não tem transportes públicos, no entanto os lisboetas vão ter mais opções e mais baratas de transportes públicos.
O país dos esquecidos onde os votos não valem o mesmo que noutras capitais de distrito.
O país dos esquecidos que pagam os mesmos impostos por menos e piores serviços públicos.
O país onde nem os políticos anti sistema foram capazes de por os pés.
O que deveríamos fazer era votar em branco. Sim todos aqueles que são esquecidos. Que tem de se desenrascar para sobreviver, que ouvem falar de partidos patriotas mas que vivem com dignidade graças aos espanhóis ou ingleses.
O que os nossos políticos mereciam era o voto em branco.
Sim o voto em branco e não a abstenção, porque temos a obrigação de não abdicar do nosso direito de voto.