O meu conto de Natal
O meu conto de natal.
participar nesta tradição de natal que apredi com a https://imsilva.blogs.sapo.pt/
( Baseado numa tradição da região onde moro! Não se levanta a mesa de natal para receber a visita das "alminhas"!)
Mais um ano, é o fim da ceia e o momento em que as almas visitam os seus entes.
Este ano a Tia Cremilde ainda não apareceu, deve de estar a assombrar a ceia de um dos outros parentes.
O avô Júlio vagueia pela sala, vendo as velas acesas, uma tradição que a nora ensinou. A mesa ainda cheia, revela essa desnecessidade de cozinhar muito mais do que se consegue comer. (Mal a tia Cremilde chegue vai logo reclamar disso, e depois das rabanadas feitas no forno e os doces feitos sem açucar: coisas de gente nova que não sabe respeitar as tradições). Este ano o filho também se vai juntar a eles.
O avô Júlio veio mais cedo, antes da ceia acabar, como ele tanto gostava de fazer (é contra as regras, mas quem é que ia ver?). Ainda encontrou a sala cheia de gente, alguns dos netos juntos; das netas porque netos só tem um: o Júlio!
O neto que nunca conheceu. Mas que lhe herdou o nome e a "obrigação" de levar o "legado" do avô.
Podia jurar que este foi o Natal onde realmente o viu feliz. Junto com as filhas e o namorado, as irmãs e duas das primas. Foi o primeiro Natal que ele passou com as filhas depois do divórcio que pós fim a um casamento de 12 anos e a uma vida de fingimentos.
Tantas vezes que lhe quiz dizer o orgulho que lhe tem e eliba-lo dessa obrigação de seguir aquilo que o avô começou, só por ser o unico neto!
Eles nunca se conheceram, e se não fosse as ideias conservadoras do filho aquele rapaz (hoje homem), tinha voado para longe, porque asas para isso ele tinha. Mas em vez de ter voado, foi forçado a estar preso a um passado que não lhe dizia respeito e com o qual não se identificava. Seguindo os negócios da família, que a sua falta de jeito quase arruinou, e que, felizmente ele soube entregar ás irmãs.
Mais tarde, quando o filho chegar, vai-lhe dizer que essas ideias conservadoras que passou aos filhos só ficam bem na tia Cremilde, que nasceu em 1800 e ainda hoje é uma alma sem descanso, porque só sabe reclamar!
E por falar nela, já chegou, arrastando os pés, e reclamando da forma como as fotografias estão dispostas, da comida que sobrou e do jogo da loiça que não é igual, da mousse de chocolate que não é um doce de natal e do bacalhau com broa que não é tradição (e antes de ir embora ainda vai amaldiçoar a imagem do pai natal por ser uma modernidade consumista! Deixando o boneco a esbracejar uma semana, ficando as pilhas novamente com as culpas!)!
A sala vai se enchendo, aos poucos, com aqueles que noutros natais estavam do outro lado.
A sua amada mulher junta-se a ele, para juntos admirarem as fotografias dos netos e bisnetos. E claro que ela vai ficar uma etenidade a fazer comparações: os olhos do alberto são iguaizinhos aos dela e o sorriso da Francisca é o mesmo da tia Marilia...
O filho já sabe que tem um sermão á sua espera por isso mantem-se do outro lado da sala.
A tia Marilia hade chegar com a sua alegria e o travesso do irmão dele vai apagar as velas para que todos recolham ao infinito...
E por falar nisso...