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Quinta à noite

"Mereces todas as coisas boas que a vida tem guardado apra ti!" - Para lembrar

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Conto de natal

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Com tanto atraso, mas lá vai o meu conto de natal:

 

Em Setembro, antes da escola começar,  o meu filho veio a correr para casa contar-me que a casinha abandonada, ao fundo da rua, mesmo ao lado do parque infantil, afinal tinha dono: era um senhor rabugento, velho e barrigudo. 

Não dei atenção até no início de Dezembro ter-me cruzado com um senhor e depressa o miúdo me relembrou a história da casinha abandonada.

Contou-me que ele estava sempre a reclamar do barulho que fazem no parque e que já perderam umas bolas de futebol no quintal dele, mas ele recusou-se a entregar!

Aquela história não me era estranha...

Hoje,  enquanto arrumavamos os restos do papel de embrulho, encontrámos um baralhado de cartas uno.

O miúdo ficou radiante gritando que foi o Pai Natal quem deixou o presente. Já eu e a mãe dele não conseguimos lembrar de quem poderia ter oferecido aquilo, e como nos escapou na hora de abrir os presentes. 

De repente,  veio-me à memória o vizinho que tinha-mos na rua que morava com os meus pais durante a minha infância. 

Era um homem velho, resmungão que não gostava de crianças e odiava o natal. 

A casa dele era pequena, mal cuidada e situada perto da praceta onde as crianças se juntavam para brincar. 

Ele distrui-a todos os brinquedos que escapassem para o seu pequeno quintal. Reclamava do barulho das nossas brincadeiras e deixava a casa sempre, duas semanas antes do Natal. 

Dizia que não suportava as decorações e os cânticos de natal que se espalhavam pela rua e por isso ia de férias para outro lado. 

Os mais velhos falavam que ele deveria ter perdido a família e por isso esta data o incomodava tanto. Também apontavam essa razão para justificar a sua amargura. 

Mas na verdade nunca ninguém lhe conhera família, já era um velho quando apareceu na rua.

A minha mãe de quando em vez fazia umas bolachas e mandava-me entrega-las. 

Num desses dias encontrei a porta aberta e entrei. 

No hall de entrada, pendurado ao lado dos casacos estava o fato de pai natal. E umas botas iguais às do pai natal, estavam encostadas à porta. 

Ele apareceu nas minhas costas,  chamou-me mal educado e intruso, pegou a bolachinhas e ameaçou que iria falar com a minha mãe por eu ter invadido a casa dele. 

Passou a ser ainda mais desagradável com todos, até que um dia desapareceu. 

Quando percebemos que ele tinha ido embora, saltamos o muro para explorar o terreno e tentar recuperar alguns dos nossos brinquedos. 

Todos os brinquedos estavam devidamente preservados num pequeno anexo. Aí eu tive a certeza de que ele era mesmo o Pai Natal disfarçado.

Quando contei tudo à minha mãe ela riu. Disse que provavelmente ele trabalhava como pai natal nas zonas comerciais e por isso é que saia de casa nessa altura. Que ela tinha a certeza que ele era só um velhinho solitário e sem paciência, amargurado pela vida, mas de bom coração. Era mais uma das muitas pessoas que a sociedade aprendera a não ver.

 

Foi recordando as palavras da minha mãe  que decidi pegar alguma comida e alguma da roupa dos presentes de natal que seria para trocar no dia 26 e fui bater na casa daquele senhor. 

Ele abriu, de semblante fechado! Desejei um bom natal, ofereci o que lhe levava e um leve sorriso foi desenhado no seu rosto. Depressa reclamou que não precisava de nada, mas que não faria a desfeita de rejeitar o presente! Desejou-me um bom natal e fechou a porta na minha cara!

Registei mentalmente que uma vez por mês trarei alguma coisa para ele, e farei-me acompanhar pelo meu pequeno. Talvez ele até goste de jogar uno!

Lembrei me da minha crença sobre o velhinho da minha rua. 

Tenho a certeza que a minha mãe tinha razão e que, também, este velhinho é mais um dos muitos que se tornaram invisíveis para a sociedade,  mas... e se ele também for um informante do Pai Natal?

 

 

Nove anos

E lá vai mais um ano!

Passaram 9 anos desde o nosso primeiro encontro.

Não consigo esquecer-me da primeira vez que os nossos olhares se cruzaram. 

Os teus olhos bem abertos e curiosos, como se quisesses ver o mundo todo de uma vez. 

Mantens essa curiosidade até hoje.

És um menino doce e gentil.

Amamos-te tanto. 

Feliz aniversário...

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