Para pensar
Há alguns dias que eu queria partilhar esta história.
Não se passou comigo. Eu fui só uma espectadora, sentada no banco dianteiro do meu carro, numa pausa da leitura de um livro do Tiago Rebelo...
Uma história a que eu assisti há muitos anos. Quando ter filhos não era sequer uma ideia, mas que me marcou.
Tratrava-se de um menino, com 3 ou menos anos, a jogar à bola com o pai. A rir, a divertir-se genuinamente...
Vi maravilhada o seu sorriso, a sua alegria...
De repente, apareceu uma senhora muito bem arranjada, muito bonita. O pequeno largou tudo e correu para ela. Notavasse saudade, no jeito como se agarrou ao pescoço daquela senhora.
A senhora perguntou-lhe se ia com ela para casa. Ele negou, pediu-lhe que jogasse futebol com eles. Ela negou. Pousou o pequeno no chão e em cima dos seus saltos altos, sem olhar para o pai do filho, disse -lhe: "Depois leva-o a casa!"
Vi o menino (o mesmo que estava a rir) triste. Com um olhar tão triste e tão perdido, que até a mim me doeu...
O pequeno ficou parado no chão, vendo a mãe afastar-se, sem perceber porque tinha de escolher entre estar mais uns minutos com o pai ou mais uns minutos com a mãe.
Isso fez-me pensar até que ponto é importante o nosso orgulho. Até que ponto podemos magoar um inocente para castigar alguém que nos desiludiu?
Nesse dia tomei uma decisão: se algum dia tivesse um filho, tudo faria para evitar que passasse pelo mesmo. Que me custaria descalsar os sapatos para dar dois xutos numa bola e fazer o meu filho feliz?
Compreendo que o final das relações não são fáceis e há sempre um que sai mais desiludido que o outro, mas a culpa não é dos filhos.
Porque me lembrei de partilhar esta história?
Uma pessoa próxima divorciou-se e os filhos afastaram -se dele.
Doeu-me ve-lo triste porque passou o natal sem ver os filhos...
Pergunto-me o que são os filhos para alguns pais /mães, pois não é o primeiro caso em que os filhos são usados como arma de tortura contra o outro progenitor.
Filhos, são aqueles seres que mesmo dependentes de nós, não nos pertencem... São aquelas pessoas que devemos amar e proteger e não colocar no meio de uma batalha, ou pior, fazer deles o campo de batalha!
Deve valer a pena pensar nisso. Principalmente, numa altura em que a probabilidade de um relacionamento ser para a vida é tão reduzida.
Maridos e esposas vão e vem outros, mas filhos são para a vida!