o lugar onde fui princesa
A casa dos avós. O meu porto seguro.
O lugar mágico onde secretamente as memórias ganham vida e voltamos a cheirar a comida deliciosa que fumega em cima da mesa ( mesmo que a mesa já não esteja lá).
Abri a porta da sala e ouvi a minha avó a ralhar porque estavamos a correr e iamos cair.
Abri as janelas para a luz ilumar os quartos e as camas onde brincavamos os primos todos, e onde espiava-mos o avô a fazer as suas sestas!
Percorri todos os cantos, entrei no galinheiro, onde sempre havia um galo que picava e no curral, onde ia ver os cordeiros e os tourinhos.
Chorei. Despedi-me daquela chaminé sempre a fumegar quando chegava-mos á entrada do quintal. Saltei pela ultima vez na pia onde os animais bebiam.
Chorei, como quem se despede de um pedaço de si.
Aquele lugar já não é meu, mas eu ainda sou daquele lugar!
A casa dos avós, aquele cantinho onde a palavra família tinha muita gente, tinha colo onde cabiamos todos, independentemente do nosso tamanho. Onde eu sonhei que um dia, os meus filhos iam ser tão felizes como eu fui.
A casa dos avós. O unico lugar onde pertenço.